A. Hilzendeger Feltes (Parte 3)

Desenho de A. Hilzendeger Feltes que serve de
inspiração para a instalação Miasmas na exposição
Zede Etes- O Estranho Equívoco, etc, etc.

Os anos do Cine-Theatro Metropolitano fazem surgir um A. Hilzendeger Feltes diferente do homem que havia até então. A estabilidade financeira, associada à realização do seu sonho na América e sua felicidade matrimonial, bem como a alegria pela chegada de suas filhas, fazem aflorar o personagem que Feltes havia criado, inconscientemente, para administrar o Metropolitano. Nem a morte de um de seus irmãos, Karl Hilzendeger Feltes, na Primeira Guerra Mundial, abala seus novos projetos. Fascinado com o cinema expressionista, Feltes começa a escrever histórias, pequenos roteiros ou aforismas que misturavam fábulas germânicas, Franz Kafka, simbolismo e o próprio Expressionismo. Desenha criaturas fantásticas em um compêndio próximo a um bestiário. Mantém correspondência com o irmão, seus amigos e alguns artistas europeus como Viking Eggeling, cineasta da UFA, e o desenhista e cenarista Franz Grünwald (irmão do pintor dadaísta Johannes Theodor Baargeld). Todas estas mudanças criam um homem criativo, que produz intensamente e participa ativamente dos arranjos musicais dos filmes, em parceria com o Professor Costa Dourado, da organização da programação cinematográfica e nas apresentações musicais. Feltes vive intensamente o dia-a-dia do Metropolitano. Seus trabalhos, pelo seu caráter privado e modernista para a Porto Alegre de então, não tiveram repercussão na época. Foi só à partir da década de 60, através de um processo de revisão, que seus trabalhos ganharam a respectiva atenção, apesar de dentro de um circulo mais restrito e acadêmico e tornaram-se públicos.

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