É normalmente difícil, para quem faz uma obra artística contemporânea, definir, quando lhe é perguntado por terceiros, à qual filiação estética a mesma pertence. Se, por um lado, temos ismos e definições escolásticas que competem, na quantidade, com as classificações dos coleópteros, nos municiando de possibilidades classificatórias, por outro lado os mesmos podem não representar a realidade que se busca expressar. Além disso, em um período de Tags e leitura rápida, a informação deve ser sucinta, clara e didática. Logo, fazer a Taxonomia estética de si mesmo é uma tarefa inglória e com forte inclinação para o equívoco – e, conseqüentemente, com alguma possibilidade intrínseca de diversão. A primeira tentativa classificatória que faremos dos trabalhos do Grupo Ío nos fará retornar 2.500 anos e recorrer ao sentido literal (em grego) da palavra ironia, que é algo como “narração incompleta”, “exposição atenuada ou incompleta de uma ocorrência”. Devemos então saltar de volta ao presente e acrescentar o significado contemporâneo da palavra ironia, já que de modo geral os trabalhos da Ío têm um insuspeito e incompreendido humor. Em seguida, retornar 500 anos (ou avançar 2.000, dependendo da perspectiva) e apropriar-nos do Barroco (desconsiderando o oba-oba da Contra-Reforma) e sua idéia de luxúria formal e o gosto pelas curvas, luzes e sombras. Somamos a vontade de agregar citações veladas a isto como uma forma compulsiva de prazer. Ao final, teríamos algo como “Barroco Citacionista Irônico” - o que parece um oxímoro plenamente aceitável.
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