No anteriormente citado salão 10x10, entre os trabalhos que não foram selecionados, estava o zoofílico “Retorno Fatal ao Figurativo”*, uma assemblage entre Santa Apolônia e um Zangão. A crença pseudo-cientifica afirma, categoricamente, que os zangões não voam. Aerodinamicamente falando. E os crentes na ausência de Deus (ateus), que santos não existem. Logo, dependendo do ponto de vista, tratava-se de um trabalho minimalista sobre o nada. Aos que estão desesperados para saber mais sobre esta fascinante Santa Apolônia, afoguem-se em sua curiosidade abaixo. Santa Apolônia foi (e é) uma Mártir Cristã no ano 246, criada na Alexandria durante o reinado do Imperador Philip I, o Árabe (244-249) e Trajanus Decius (249-251), período em que multidões furiosas, na Alexandria e Egito, saíam às ruas à caça de cristãos (um esporte muito em voga na época). Apolônia, uma Diácona, foi apanhada pelo populacho e, como ela se recusava a renunciar a Jesus e a sua fé, foi cruelmente torturada. Seus dentes foram arrancados com uma torquês, quebraram seus maxilares e levaram-na a uma pira, onde veio a morrer queimada. Abaixo, a descrição de um transeunte no tempo e espaço: "Eles amarraram esta preciosa virgem, quebraram todos os seus dentes com socos nos maxilares, fizeram uma fogueira e ameaçaram queimá-la viva, mas ela continuava recusando a recitar as blasfêmias que eles queriam que ela recitasse (provavelmente mesmo que ela quisesse recitar qualquer coisa, não sairia). Então, de repente, ela mesma entrou na pira e foi logo envolvida de um fogo do "Espírito Santo", pois de lá de dentro ela nos olhava com o rosto de uma cristã sem nenhum medo.”. Os anais de seu martírio contêm outras crueldades, mas, na liturgia católica, ela é representada segurando a pinça usada em seus dentes, tendo-se tornado a padroeira oficial dos dentistas e sendo invocada contra a dor de dente. Pra quem acha os X-men grande coisa, recomendo a leitura da vida dos santos e mártires da cristandade (aquilo que era mutante!).
* O título, para quem não perde tempo com as mumunhas das artes, refere-se a um hipotético zangão que, depois de uma longa fase abstrata, retorna à figuração, desenha uma santa, e morre (romanticamente, tipo século XIX) apaixonado pela mesma.
Santa Apolônia e um zangão ousado.
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