Há alguns dias surgiu, quase por acaso, este objeto de fetiche: a elegante (friso meu) composição de imãs e lâminas de canivete. O que me fascina nesta composição singela (deve ter uns doze centímetros) é, fora seu equilíbrio estético (e que eu olho sem parar), a junção das partes pelo magnetismo. Em retrospectiva para aqueles que chegaram agora no planeta Terra, magnetismo é aquele negócio que Tales de Mileto (século VI A.C) em uma de suas viagens a Magnésia na Asia (então província Grega) descobriu chutando pedrinhas mas, tal qual brinquedo de criança, não servia para nada, fora ser um fenômeno curioso. Não que os animais não usassem há picas eras para orientação geodésica (aves migratórias, por exemplo). Só no Século XIII é utilizado para fazer a bússola, e o mundo como você o conhece hoje se deve a isto. Pulamos 600 anos e Maxwell cria a teoria moderna do electromagnetismo, segundo a qual eletricidade e magnetismo estão intimamente unidos (casualmente, dois semideuses da minha cosmogamia de mistérios da existência) e propagam-se à velocidade da luz. Daí para motores elétricos, bobinas e dínamos foram alguns tropeções, e novamente estamos diante do mundo como você o conhece ( fora que Maxwell está diretamente ligado, em base teórica, à televisão). Não que esta historicidade esteja neste objeto (embora esteja de certa forma), mas a junção das lâminas por algo invisível me fascina de uma maneira quase mística.
Pintura de Tiradentes por Pedro Américo.
E o Tiradentes?
É um post de efemeridades, sim, mas fora isto quando eu vi este objeto (que precisa de um nome provisório, talvez Tales) me lembrei imediatamente deste bizarro quadro do Pedro Américo (mais conhecido pela Primeira Missa do Brasil e o Grito da Independência), que criou certo constrangimento entre seus contemporâneos, e fiquei pensando sempre relacionalmente os dois, como uma união invisível entre ambos, algum tipo de livre associação que, como diria o marquês de Valmont, “Está fora de meu controle”.
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